A cultura gospel e o movimento hip hop tiveram um encontro institucionalizado há 10 anos no Brasil, com o lançamento da gravadora 7 Taças. É possível que pesquisadores do tema encontrem outros marcos neste diálogo cultural, entretanto vale registrar a sequência de lançamentos promovido pela empresa. Foram movimentos comerciais e religiosos, em um duplo sentido, que demarcam ainda mais no campo religioso brasileiro a característica de contestação social do novo protestantismo praticado no Brasil.
O grupo que deu origem ao selo é o Apocalipse 16, cujas letras guardam certo tom dos movimentos milenaristas - caracterizados pela expectativa da instauração e chegada de um novo reino. O grupo acrescenta de forma marcante ao discurso religioso a crítica social típica do hip hop e que em alguns movimentos pentecostais foi expressa, de maneira totalmente diversa, na Teologia da Prosperidade. Os pontos de contato entre os dois universos são ricos e demonstram a existência consolidada de uma religiosidade contestadora dentro de certos parâmetros típicos de nosso universo cultural.
No site do grupo é possível ouvir músicas e conhecer a história do grupo. Pretendo mais tarde ampliar a abordagem do tema. Inclusive há uma questão interressante a ser pensada sobre o hip hop, inclusive o gospel: as representações do diabo nas letras do rap ensinam bastante sobre o que é o mal para quem vive na periferia.
